♥Unknown - Cap 1 ♥

Você pode ir embora e nunca mais ser a mesma.
Você pode voltar e nada ser como antes.
Você pode até ficar, pra que nada mude, mas aí é você que não vai se conformar com isso.
Você pode sofrer por perder alguém.
Você pode até lembrar com carinho ou orgulho de algum momento importante na sua vida, mas o que vai te fazer falta mesmo, o que vai doer bem fundo, é a saudade dos momentos simples.

- Martha Medeiros

20 de novembro de 1800

           Atravessei o grande vale de rosas silvestres que serviam como uma espécie de muro para chegar à casa da bruxa Sophia e quase saí correndo quando uma família de coelhos atravessou meu caminho. Desde a hora que Jessie, minha melhor amiga, me disse mais cedo que a bruxa queria falar comigo não consegui pensar em outra coisa. Ergui a saia do meu vestido até que estivesse na altura de minhas canelas e pulei pedra por pedra em cima de um pequeno lago até estar do outro lado e finalmente ver uma grande construção: a casa da bruxa!

                O lugar era totalmente diferente do que pensei que seria, não era sombrio, nem macabro e nem tinha masmorras por todas as partes, na verdade era totalmente o contrário. Um belo jardim de rosas brancas se estendia por todo o gramado verde que aparentava perfeição e se perdia ao redor da casa enquanto borboletas faceiras voavam acima dele. No momento em que ousei abrir minha boca para dizer algo, a porta da casa se abriu e de lá uma jovem senhora baixinha surgiu com um sorriso no rosto.

- O que estás fazendo aí fora Milady? Não haja com timidez, entre!

                Milady? Ela com certeza deve ter me confundido com outra pessoa, eu não sou lady, não passo de uma simples plebeia que serve a corte inglesa. Sabia que havia algo errado nessa história toda, está mais do que expressivo que ela acha que sou outra pessoa. Caminho até o interior da casa um pouco curiosa e fico parada esperando que ela me diga algo, mas a mesma apenas me olha com um sorriso no rosto e admiração.

- Então...? -começo.

- Oh é claro! -ela diz como se houvesse finalmente se lembrado do motivo de eu estar ali- Sabe, sabe, eu preciso muito da sua ajuda, é preciso sim!

                O modo como ela fala é ligeiramente engraçado, mas não seria nada gentil da minha parte achar isso divertido à ponto de rir dela, então perguntei:

- Pra quê seria?

- Bem, bem. Preciso de você pra encontrar uma coisa pra mim!

- Encontrar uma coisa...

- Isso isso! Ah ela é muito valiosa, assim como você, por isso a escolhi.

- O que eu preciso encontrar? -questiono curiosa.

- Ah você vai saber, vai saber! Assim que chegar lá.

- Chegar onde? -questiono novamente.

- Bem, agora vamos falar da sua recompensa por me ajudar. -ela corta o assunto.

- Recompensa?

- Mas é claro, é claro.

- Olha, perdoe-me mas acho que a senhora se confundiu, não sou a pessoa que está procurando, não sou uma lady, como disse.

- Isso é porque eu já estava contando com o seu êxito em minha missão, tenho certeza de que conseguirá sua recompensa.

- Como assim? -pergunto confusa.

- Se obter êxito na missão que estou te propondo, eu lhe arranjarei um ótimo casamento e a tornarei uma lady.

- Um ótimo casamento? -não posso acreditar.

- Com um jovem e bonito nobre, sangue real!

- Eu seria da nobreza? -sinto meus olhos brilharem e um sorriso surgir.

-E terá tudo o que sempre quis ter... -ela diz em um tom de voz sonhador- E então, o que me diz?

- Eu aceito! -respondo sem hesitar e sorrio radiante- O que eu tenho que encontrar?

- Já disse que vai saber quando chegar lá mocinha.

- E aonde eu tenho que chegar exatamente?

- Não se preocupe com isso, eu mesma a deixarei lá. Agora vou te dar três pistas para facilitar sua procura.

              Ela caminha até a mesinha mais próxima e pega um papel de carta, ela o põe em minhas mãos e as fecha sobre ele, então diz:

- Só abra quando chegar lá. -seu tom de voz é de autoridade e não ouso desobedecer.

               Só queria saber, onde é "lá"? A bruxa, que não tem aspecto de bruxa, me puxa pela mão até os fundos da casa, onde uma carruagem está parada. Será que vamos de carruagem até "lá"? Isso seria maravilhoso! Eu nunca andei em uma dessas antes.

- Iremos de carruagem? -sorrio esperançosa.

- Sim, vamos de carruagem.

              Ela abre a porta da carruagem pra mim e fica parada esperando que eu entre, não hesito e caminho alegremente em direção aquele magnífico invento de quatro rodas. Entro e aguardo que a bruxa entre mas ela fecha a porta e me da um aceno sorrindo. Mas ela não disse que ia me deixar lá? Sinto minhas mãos gelarem e meu estômago entrar em colapso com todos os meus outros órgãos assim que a carruagem começa a andar, fecho os olhos tentando aliviar a sensação de morte que sinto e tenho a máxima certeza de que já não estou dentro da carruagem. É como se todos os ossos do meu corpo estivessem se desfazendo e minha pele já não fosse minha. Então quando penso que estou perto da morte, minha cabeça bate com força no chão...

           Sabe quando você não sabe o que está acontecendo e tem medo de abrir os olhos e se arrepender disso eternamente mas sabe que não pode evitar esse momento? Estou passando por essa luta interna exatamente agora. Ouço vozes abafadas ao meu redor e devagar, sem pressa, começo a abrir meus olhos.

Primeiro capítulo sempre é chato! (frase clichê eu sei, mas vocês sabem que é verdade né?! kk) Enfim, capítulo pequeno pra deixar toda a emoção para o segundo rsrs. Vou postar todos os domingos e se por acaso eu tiver tempo durante a semana, eu posto outro. Amo vocês Unknownzers? -Deh♥