Maratona de capítulos 4/4
Malia POV’s
Olhei para o lado encontrando uma Rebeka com cara de
tédio e uma quantidade impressionante de pipoca na boca e não pude conter a
gargalhada, o que só fez a garota se irritar e jogar pipocas em mim.
- Eu não entendo esse filme. Eles ficam juntos ou não
no final?
- Eles ficam... Transando. _ Dou de ombros catando as
pipocas caídas no carpete enquanto Rebeka desliga a TV.
- Ta bom. É uma porcaria. Você só assiste para ver a
bunda do Justin Timberlake. _ Ela tagarelava enquanto me acompanhava até a
cozinha ainda com a boca cheia de pipocas. Com um pequeno salto sentou-se sobre
o balcão e me observou pegar as coisas para fazer o brigadeiro.
- Talvez... Por que você não faz o brigadeiro dessa
vez? _ Empurro a panela em sua direção e ela franziu o nariz a empurrando de
volta.
- Não queira inverter a ordem natural das coisas. É
você que faz o brigadeiro, sempre foi assim e sempre vai ser. _ Suspirei
cansada e sem outra opção rumei até o fogão começando a preparar as coisas. -
Eu acho que vou tomar um banho.
- Nem pense em...
- Sim eu vou usar suas roupas. E para reclamar! _ Ela
já estava gritando do corredor enquanto corria para meu quarto seus pés
pequenos demais.
Rebeka sempre
fora esse espírito livre que chama atenção de todo mundo simplesmente porque é
excêntrica demais para se ignorar. Não da para ignorar uma pessoa que usa
estampa de tigre em tudo que é possível conseguindo a façanha de nunca estar
brega demais. Isso chega até ser respeitável. Ela sempre seria aquilo que menos
esperavam que ela fosse a prova disso é que mesmo sendo a mais nova, mais
delicada, a única filha mulher, e a mais mimada da família Devine, era ela
justamente que estava no poder. Existiam tantos primos, tios, amigos de longa data
de seu pai que juravam que assumiram tudo quando o velho batesse as botas, mas
Rebeka surgiu do nada com seu rostinho angelical batel o pé e disse “essa porra
de cidade é minha”. Não estou exagerando, ela usou exatamente essas palavras. E
ainda existiam aqueles momentos em que ela falava as coisas mais absurdas como
se estivesse proferindo o mais verdadeiro provérbio, a mais pura verdade. Não
da para não gostar de uma pessoa que acredita fielmente nas próprias loucuras.
Apesar de
sonhadora Rebeka estava disposta a ter alguém para puxá-la de volta quando
necessário, e era isso que nos fazia tão próximas uma da outra. Eu nunca vivi a
realidade de Rebeka, minha vida foi infinitamente difícil como se eu vencesse
um jogo de vida ou morte todos os dias. Eu não tinha tempo para piadas,
besteiras, estampas de tigres ou sonhos com nuvens fofas e com gosto de algodão
doce. Mas Rebeka tinha, e ela não tinha medo de trazer isso para minha vida
assim como eu não tinha medo de dizê-la quando era hora de acordar. Ou quando
definitivamente não usar a estampa de tigre. Tínhamos a amizade mais estranha
do mundo, de fato, mas não estávamos muito preocupadas com isso.
- Ai meu Deus! Eu fiquei incrível com esse vestido! _
Pulei sobressaltada com a repentina aparição de Rebeka na cozinha. Virei-me
lentamente ainda tentando acalmar as batidas de meu coração e me deparei com a
outra usando um de meus vestidos de festa.
- Rebeka! Da pra tirar, por favor, eu comprei em
Paris.
- E daí? Você tem milhões de roupas de Paris. _ Elas
estava dançando pela cozinha com meu vestido como se não tivesse escutado
quando mandei tira-lo.
- Você também.
- Mas eu gostei desse. _ Respirei fundo tentando
manter a calma.
- Você fica gorda nele. _ Menti
- Ta, eu já estava indo tirar mesmo. _ Ela saiu da
cozinha resmungando me fazendo rir.
Era como uma
criança teimosa e desobediente. Guardei o brigadeiro no frízer e fui correndo
para o quarto para evitar que ela pegasse mais algum de meus vestidos.
- Esse também não! _ Ela estava tirando um vestido
preto que havia ganhado de Justin no natal do cabide e parou abruptamente ao me
ouvir revirando os olhos e o pondo de volta no lugar. Pegou então uma blusa sem
mangas e uma calça jeans e as vestiu.
- Eu odeio você. E quando me pedir uma roupa emprestada
eu vou negar. _ Ela se jogou na cama ao meu lado.
- Eu nunca peço.
- Cala a boca. _ Ela me empurrou me fazendo rir.
Ficamos caladas olhando para o teto por alguns segundos até me lembrar sobre um
assunto que a muito queria falar com Rebeka.
- Preciso de sua ajuda em uma coisa. Talvez seja de
seu interesse.
- Estou ouvindo... _ Ela mantinha os olhos fechados
enquanto falava, como se de repente tivesse ficado cansada demais.
- Eu nunca contei, mas Zayn é na verdade primo de
Justin. _ Ela rapidamente sentou-se na cama me lançando um olhar confuso. -
Pois é. Eu também não sabia quando o deixei ficar na boate, mas os dois
acabaram se esbarrando e foi uma confusão imensa.
- Como assim?
- Parece que Zayn foi sequestrado quando mais novo,
segundo ele o cara queria uma grana preta para solta-lo e a família se recusou
a dar. Mas segundo Justin, Zayn apenas desapareceu do mapa. Ninguém ligou
ninguém pediu resgate. Nada. O problema é que Zayn conseguiu escapar do cara e
viveu uma vida de merda desde então, e pelo que eu entendi só voltou para Las
Vegas para se vingar da família.
- Isso inclui seu amiguinho.
- Provavelmente. _ Suspirei.
- E como acha que eu posso ajudar?
- Bom... Segundo Zayn o cara que o sequestrou vendia
drogas para Justin, e ele estava sem pagar a algum tempo, então o cara arrumou
outra forma de conseguir o dinheiro. Se envolve o traficante de drogas aqui em
Las Vegas provavelmente...
- Provavelmente eu tenho o nome dele em algum dos registros
do meu pai.
- Vocês mantêm registros?
- Sim, somos traficantes sofisticados. _ Balancei a
cabeça negativamente, rindo. Rebeka e suas frases de efeito. A morena já estava
de pé e procurava loucamente a chave do carro por todo o quarto. - O que ainda
esta fazendo sentada? Vamos sua safada, quero saber como história termina.
[...]
- Certo, se Justin morava na comunidade de Summerlin
naquela época ele deve ter procurado Tony Cook, ou James Montgomery. Mas James
não pode ser o sequestrador de Zayn porque ele ainda trabalha para nós até
hoje, e segundo os registros de meu pai e os meus próprios registros ele não
nos deve nada, tudo nos conformes. _ Rebeka remexia incessantemente em uma
pilha de papeis e comparava as tabelas de seu pai com as suas que eram
digitalizadas.
- E esse Tony? _ Sentei-me na beirada da cadeira,
ansiosa enquanto Rebeka procurava a lista do homem.
- Bom... Segundo essa lista Tony devia montes de
dinheiro ao meu pai, ele usava mais as drogas do que vendia. Esta na lista negra.
Mas simplesmente desapareceu a uns nove ou oito anos atrás. Só pode ser ele.
- As datas batem. Talvez ele tenha sequestrado Zayn
para conseguir o dinheiro para sair da cidade.
- Então isso significaria que a família de Zayn
realmente se recusou a pagar a grana. _ Rebeka mordeu o lábio inferior me
olhando preocupada.
- Justin ainda sim não tem nada haver com isso. Só
saberemos a verdade se encontrarmos ele. _ Rebeka suspirou e balançou a cabeça
positivamente.
- Relaxa ai e toma alguma coisa, vou ligar para umas
pessoas. Nem sei por que ele ainda esta vivo mesmo... _ Ela saiu da sala
resmungando baixo enquanto discava um numero qualquer no celular.
Encostei-me
na cadeira sentindo-me extremamente cansada, mal me lembrava da minha ultima
boa noite de sono.
- Malia. _ Liam apareceu na porta do escritório
trajando suas roupas formais e me cumprimentou com um leve aceno de cabeça e um
sorriso.
- Liam! Ainda trabalhando?
- O dinheiro não para de entrar na conta dos Devine.
Sendo assim eu também nunca paro. _ Sorriu. - Alias, tenho boas noticias para
você.
- É mesmo? _ Liam puxou uma cadeira para mais perto
de mim e passou a me mostrar uma planilha bem desenha em seu celular.
- Isso aqui são os lucros da sua boate. Esse mês
subiu descontroladamente. _ Observei com os olhos brilhando a planilha que
indicava o crescimento constante de minhas boates.
- Isso é incrível! O que faríamos sem você em? _ Dei
leves tapinhas em seu ombro vendo-o sorrir sem graça.
- Bom, deixe-me voltar ao trabalho. _ Liam mal havia
terminado de falar quando uma Rebeka sorridente irrompeu pela porta.
- Eu tenho, definitivamente, a melhor equipe de
todas. Juliet esta comandando uma operação nos arredores da cidade para achar
algumas pessoas que estão me devendo agora mesmo. Irá avisar se encontrar algo.
- Como sabe que ele ainda esta por aqui?
- Ele não tinha dinheiro, é um viciado fodido e não
conseguiria sair da cidade sem chamar atenção de algum dedo duro que quer nos
impressionar. Ele deve ter achado alguém para fornecer identidades falsas e
anda escondido por ai. Vai por mim, eles sempre acham que só isso é suficiente
para se esconder de mim.
- Já esta se metendo em confusões de novo? _ Liam
caminhou até a moça beijando seu rosto.
- Eu sou uma Devine amor, é o que eu faço. _ Ela
piscou para Liam e fez um gesto com a cabeça me chamando para fora da sala. -
Vamos deixar o bonitão trabalhar.
[...]
- Rebeka seu celular esta tocando! _ Gritei do quarto
enquanto mexia em suas maquiagens.
- Pode atender, por favor? _ Dei de ombros mesmo que
ela não pudesse me ver de onde estava e peguei o aparelho vendo o nome de
Juliet brilhar na tela.
- Juliet. Aqui é Malia, Rebeka provavelmente desceu
cano abaixo enquanto tomava banho.
- Eu posso te ouvir daqui! _ Rebeka gritou me fazendo
rir.
- Malia, a quanto tempo. Acho que tenho novidades que
interessam a você também. _ Larguei um dos inúmeros batons de Rebeka voltando
toda a minha atenção para a mulher do outro lado da linha. - Achamos Tony Cook,
mandarei um sms com o endereço do galpão onde estamos. Sejam rápidas.
- Certo. _ Encerrei a ligação jogando o aparelho em
cima da cama. Peguei uma blusa, a jaqueta, e uma calça para Rebeka e corri para
o banheiro. A morena já estava enrolada na toalha. - Se vista rápido, o
encontraram.
- Chame seu amiguinho. _ Balancei a cabeça
positivamente enquanto Rebeka passava a blusa pela cabeça desajeitadamente.
Mandei uma
mensagem para Justin pedindo que me encontrasse em meia hora em um galpão nos
limites da cidade.
- Tudo certo? _ Rebeka concordou enquanto vestia a
jaqueta e nós partimos para garagem correndo.
[...]
Rebeka parou
o carro abruptamente fazendo os pneus cantarem na pista e desceu do carro
segundos depois. Ela andava apressadamente na frente, baixa demais sem seus
saltos, e cumprimentava com um gesto de cabeça para que seus homens saíssem da
frente. O lugar era horrível, extremamente decadente. Um galpão abandonado com a
pintura manchada de mofo e algumas paredes caindo aos pedaços. Tony, eu supus,
estava preso no canto mais iluminado do lugar, e mais um pouco a sua frente
Juliet permanecia encostada no que parecia ter sido uma mesa de jantar algum
dia.
- Belo trabalho Juliet. _ Rebeka a abraçou brevemente
e eu apenas sorri de longe. - deixe alguns homens na porta à espera de Justin e
depois pode ir.
- Esta me trocando pelo fiel escudeiro de Malia?
- Não meu bem, esse assunto diz respeito a ele
também.
- Sendo assim. Até mais patroa. _ Juliet voltou a
abraçar a chefe e amiga de longa data e saiu a passos lentos do cômodo.
Prendi a
respiração tomando coragem para encarar o homem pela primeira vez. Magro, sujo
e de aparência doentia ele chegava a dar pena. O celular tocou e o nome de
Justin apareceu no identificador de chamadas. Agora era hora da verdade.
Justin
POV’s
A mensagem de
Malia causou uma pequena troca de olhares desconfiados entre Zayn e eu. Por
alguns míseros segundos achei que Josh já estava fazendo merda e como sempre
Malia estava correndo atrás do bom e velho Justin para acalmar seu coração
inquieto. Mas ao ler a mensagem vi que provavelmente aquilo se tratava de
negócios. Eu ainda trabalhava para ela até onde sabia então alguns minutos
depois estava no carro com um Zayn relutante ao meu lado seguindo as instruções
que Malia havia me dado.
- Acho que ela não vai gostar de me ver lá.
- Qual é cara, aquele quarto estava fedendo a tinta
spray, você precisava sair de lá um pouco.
- Então me deixe em algum bar no caminho. _ Ele
parecia determinado na missão de tentar me convencer que levá-lo causaria
problemas.
- Olha, isso vai ser rápido. Você fica no carro se
quiser, e depois nós dois vamos a um bar, okay?
- Se prefere assim... É você que tem um emprego a
perder. _ Revirei os olhos resolvendo ignorar completamente as paranóias de
Zayn.
O lugar não
ficava muito distante e minutos depois estacionamos em frente a um pequeno
galpão acabado. O carro de Rebeka estava lá e seus homens nos esperavam na
porta. Me guiaram até o interior do local lançando olhares desconfiados para
Zayn que apenas tentava os ignorar e quando finalmente encontramos Rebeka e
Malia, voltaram para fazer a segurança do local.
- Chefia. _ Cumprimentei Rebeka com um aceno de cabeça
e ela fez o mesmo.
- Trouxe um amiguinho? _ Ela perguntou se referindo a
Zayn que estava parado logo atrás de mim.
- Espero que não seja um problema.
- Claro que não, talvez agora possamos esclarecer as
coisas de vez. Malia me pediu um favor para que pudesse resolver a sua situação
com seu primo. E apesar de não merecerem depois do piti que deram hoje mais
cedo na boate eu atendi os pedidos de Malia.
- Favor? Que favor? _ Foi a vez de Zayn se pronunciar
fazendo Rebeka direcionar sua atenção para ele. Malia parada ao seu lado nada
dizia, sequer estava olhando para nós.
- Sei que estão confusos sobre o que aconteceu há
nove anos. Então trouxéssemos a única pessoa que pode esclarecer tudo para
vocês. Venham. _ Zayn me olhou sem entender nada e apenas dei de ombros
seguindo Rebeka.
Paramos em um
tipo de sala, o canto mais iluminado do local que agora estava ocupado por uma
mesa comida pelas traças, centenas de seringas velhas no chão, um colchonete
podre mais ao canto, e um homem maltrapilho amarrado a uma cadeira. Ao meu lado
Zayn prendeu a respiração.
- Cook. _ Ele sussurrou engolindo em seco. E eu soube
na hora que aquela noite terminaria em vingança para nós dois.
Continua...
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Último capítulo da maratona de hoje, espero que gostem e
não esqueçam de comentar.
Não, não tem gifs nesse capítulo por motivos de: eu não
consegui achar nenhum bom o suficiente.
Desculpem qualquer erro ortográfico, beijos, Andressa
Reznick!
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