Moments - 28º Capítulo: My dreams

 Não fiquei desmaiado por muito tempo. Pelo menos, foi o que Andy disse. Assim que desmaiei, parece que minha mãe quis voltar para o hospital, mas Andy pediu que não fizessem isso. Ele sabia que desmaiei por conta do ocorrido com Julie, e meu pai, felizmente, acabou concordando. Ele ainda acrescentou que era apenas nervosismo, que logo eu acordaria. Acordei quase meia hora depois – já que acabei adormecendo depois de desmaiar –, quando já estávamos chegando em nossa nova casa.

Era enorme! Só tenho isso a dizer. Enorme mesmo. Quatro quartos – o maior para meus pais; um para Ruth e outro para Nicola; e o último eu dividiria com Andy. Nossos móveis já estavam todos ali, assim como nossas roupas. Mas eu sequer queria saber de tudo aquilo. Saí do carro me arrastando, subi até meu quarto e fiquei ali na cama. Depois de muito me remexer e não falar com ninguém, acabei dormindo novamente, acordando só na manhã seguinte.

Depois de descer, ouvindo todos os “bom dia” e “como está?”, “gostou da casa?” e não responder coisa alguma, sem ao menos olhar para quem falava comigo, tomei meio copo de leite, que ainda foi mais do que eu conseguia tomar, e subi novamente. Mas o que encontrei em cima da minha cama me surpreendeu. Andy estava sentado ali e me entregou um papel todo escrito. Assim que peguei reparei que era uma cópia da minha ficha de inscrição pro X Factor.

- Se você entrou, é melhor seguir em frente, não acha? – perguntou ele, enquanto eu ainda olhava o papel em minhas mãos. – Faltam duas semanas para começar...

- Por ela, não é? – murmurei, encontrando o olhar triste de meu amigo. – Eu nem perguntei como você se sentiu com o que, bem, com o que aconteceu – ele deu de ombros.

- É triste demais e me custa acreditar, mas ela é... Ela era minha irmã. Vai ser difícil quando cair a ficha.

- Chega até ser engraçado. Agora temos mais uma coisa em comum – disse, me sentando ao seu lado. O silêncio pairou sobre nós por uns instantes, até que eu o quebrei. – Me ajuda a ensaiar?

Quando dei por mim, estava sentado no sofá de Andy, os olhos fixados no nada. Ele estava sentado ao meu lado, ainda remexendo na pasta que, minutos antes, eu atirara em seu peito.

- Tudo isso é muito estranho, você sabe – resmungou ele, lendo atentamente cada linha de cada folha que ele pegava. – Você não acha que...

- Não sei – respondi, ainda perdido em pensamentos. – Tenho esperança, mas eu sei o que eu vi.

- Também sei o que você viu. Pode ser que eu não estava lá, mas doeu em mim também.

- Eu sei, tá legal? – disse, aumentando o tom de voz. Passei as mãos no rosto e no cabelo, tentando acalmar o nervosismo. Não que eu estivesse nervoso com Andy. Eu estava nervoso com essa confusão toda e com essa lembrança repentina. – Só acho estranho – murmurei, por fim.

- Você sabe que eu não tive nenhum contato com meus pais depois daquilo, não sabe? – disse ele, como se fosse uma confissão. Assenti. – Como não deixamos o novo número do telefone com eles e eu não liguei nenhuma vez, só para saber como eles estavam, não sei nem onde estão. Não vejo e nem falo com meus pais fazem seis anos...

- Eu sei, Andy – respondi. Era difícil admitir, mas eu me sentia meio culpado com esse fato, mesmo que a decisão tenha sido de Andy. Imagina o desespero dos pais por ficarem seis anos sem ver ou falar com o filho? Era por isso que eu sempre tentava colocar Andy na mídia, na esperança de que seus pais o vissem, só para terem certeza de que o filho está bem. Mas também sei o quanto Andy sente falta dos pais. Em todos esses anos, minha família e eu o encorajávamos a ligar para os pais, mas ele nunca ligou, exceto uma vez, em que não conseguiu contato. Depois disso, nunca mais. Era orgulhoso demais para isso.

- O que você acha? – perguntou ele, depois de um tempo em silêncio.

- Acho que não custa nada tentar.

Depois de dizer aquilo e olhar firmemente para meu amigo, vi ele consentir. Pegaríamos um avião na manhã seguinte para Glasgow, sem saber exatamente porquê ou o quê procurávamos – e se iríamos encontrar. Mas é assim. Amigo quando é amigo vai com você até o fim do mundo, não é?

Passei as duas semanas que se antecipavam à apresentação do X Factor ensaiando o dia inteiro, com Andy me ajudando em tudo. O dia finalmente chegou e eu tinha escolhido cantar Fly Me To The Moon, do Frank Sinatra. A apresentação foi um sucesso e eu estava dentro, votos unânimes. Passei os dias no bootcamp, recebendo a notícia de que tinha saído. Instantes depois mudaram de ideia e eu voltei. E então fui para a Judge's House, com mais cinco caras e escolhi cantar A Million Lovesongs, do Gary Barlow. Depois cantei mais uma: Hero, do Enrique Iglesias. Infelizmente, mesmo depois de todo o meu esforço, eu não passei. Simon disse que eu era novo demais.

Aquilo acabou comigo. De novo. Mais essa derrota. Só lembro de ter passado quase duas semanas sem falar com ninguém. Me disseram que era para eu não desistir, para eu tentar no ano seguinte. E então a regra mudou novamente: só acima de dezesseis anos. E eu só faria dezesseis um mês depois do X Factor.

Comemoramos os 15 anos de Andy, e no meu aniversário eu estava bem melhor. Foram dias incríveis. Mas, quando chegou o aniversário de Julie... Nesse dia eu acordei derrubado, não falando, novamente, com ninguém. Me tranquei no quarto – deixando Andy para fora o dia todo – e chorei. Não como no dia de sua morte, mas quase isso. Ela faria 14 anos hoje, e agora...

No ano seguinte, aceitei melhor seu aniversário, mas chorei muito quando sua morte completou um ano. Ainda era tão doloroso... Mas o ano seguinte, 2010, foi melhor. Como eu tinha prometido a ela, eu não desisti do meu sonho, que também se tornara seu sonho enquanto viva. Sua morte completara dois anos, e eu também chorei nesse dia. Menos que das outras vezes. Eu tentava me conformar com isso, aceitei que era melhor do que vê-la sofrendo numa cama de hospital, fraca como estava. Eu só sentia sua falta.

Naquele ano, estava disposto a entrar, ficar e ganhar. Depois de cantar Cry Me A River e ver todas aquelas pessoas me aplaudindo de pé – inclusive o próprio Simon –, pensei que, talvez, eu teria sorte aquele ano. E tive. Recebi, novamente, quatro “sim” e entrei para o Bootcamp. Depois de passar aqueles dias ali, e receber a notícia de que tinha saído, novamente, me destroçou. Não queria ir para casa. Não queria sequer ligar para meus pais. Como dois anos atrás, me chamaram novamente, com mais quatro garotos. Viramos uma banda. E o resto da história todos sabem.

O que ninguém sabia era o porquê de minha convicção para entrar no X Factor, ganhar e me tornar famoso, espalhando minha música pelos quatro cantos do mundo. Achavam que era um simples sonho. Mas não. Era um sonho por ela.

A viagem de avião até que era rápida. Pelo menos, se comparada à de carro. Durava duas horas. Duas horas de Andy dormindo ao meu lado. Eu não conseguia dormir. Ficava olhando e remexendo naqueles papeis da pasta, lendo-os novamente. Será?

O avião enfim pousou, acordando Andy. Pegamos nossas coisas e saímos praticamente correndo dali. Pegamos um táxi e fomos direto para um hotel. Demos entrada, deixamos nossas coisas e partimos novamente, dessa vez para o hospital que constava nos papeis.

Assim que entramos, as lembranças de Julie me invadiram a mente, me fazendo cambalear. Só não cai porque Andy me segurou e me arrastou para a lanchonete do local. Não tínhamos tomado café e ele deduziu que eu estava fraco por não ter comido. Pobre Andy...

- Andy? – disse uma voz fraca de mulher num tom baixo que quase não ouvi. Levantei a cabeça na direção da voz. – Li-Liam?

Ah, meu Deus!

Dreeeeeeeeeeeeeamers :3

E aí, gostaram do cap.? Espero que sim (:

Eu li os comentários de vocês e fiquei sem palavras. É tão bom ver que vocês gostam tanto da fic (e da Julie). Como eu disse no cap. anterior, eu não vou comentar nada neste, mas peço novamente para que deixem tudo em minhas mãos... Quem sabe as surpresas que a vida reserva, hum?

Desejo que 2014 traga as realizações que 2013 não trouxe. Que se multipliquem-se as alegrias e diminua as tristezas, e que os sonhos de todas nós se realizem. Que esse ano seja recheado de felicidade e surpresas maravilhosas :3

P.S.: Posso não conhecer nenhuma de vocês pessoalmente, mas vocês são muito importantes para mim, e me fazem sorrir demais apenas por gostarem do que eu escrevo ♥

(Meu bromance preferido para as minhas divas gatas ♥)