Gardênia - Cap - 21

                                     A verdade dói

Seu Nome P.O.Vs

        Eu acabar de fazer mais uma série de exames com Jason quando ele me disse que havia alguém à minha espera na cantina.

- Quem é? -perguntei a ele-

- Porque não vamos até lá e você vê?

- Ta bom. -respondi um tanto desconfiada-

      Então mais uma vez eu estava com meu braço entrelaçado ao de Jason. Confesso que estou me acostumando com isso. Ele me guiou até a cantina e fiquei surpresa ao saber que quem me esperava era na verdade Julianne. Ela me convidou pra sentar e conversar mais um pouco, já que não tivemos muito tempo no outro dia, ela me parece uma pessoa vazia e só, não me surpreende que queira conversar exatamente comigo, deve pensar que partilho da mesma tristeza pelo fato de não enxergar o mundo. Então assim fizemos. Jason nos deixou e disse que só voltaria depois de terminar seus deveres.

- Então (Seu Nome), como andam as coisas pra cirurgia? -ela me perguntou parecendo interessada-

- Ai estão ótimas! -falei animada- Jason disse que semana que vem já podemos fazer a cirurgia. Eu não imaginava que essas coisas fossem tão rápidas assim!

- Normalmente não são. -ela falou- Mas quando se é em um hospital como esse que tudo é caríssimo, as coisas costumam ser bem rápidas.

- Caríssimo? -indaguei-

- Sim, tudo é pago aqui. Certamente os clientes tem mais benefícios. Aliás você deve ser bem rica.

- Na verdade eu não sou. 

- Então seus pais...

- Não, eu não tenho pais. -falei-

- Me desculpe... Mas então quem pagou sua cirurgia?

- Na verdade ela não foi paga. -falei- Eu sou uma espécie de cobaia.

- Cobaia? -ela perguntou como se eu falasse outra língua-

- Sim, o Jason me disse que vai se formar logo logo e eu seria uma cobaia para essa experiência ou algo do tipo.

- Isso é um pouco estranho. E você aceitou?

- Claro, eu... Não tenho nada a perder. -falei-

- Eu sinto muito. 

        Ela pegou na minha mão que estava sobre a mesa e na mesma hora senti calafrios percorrerem meu corpo, instantaneamente meus olhos se enxeram com lágrimas mas ela não percebeu pois eu estava de óculos escuros como sempre. O que há de errado comigo? Desde quando sinto vontade de chorar só por ser tocada? Ela retirou a mão e logo disse:

- E você está nervosa?

- Acho que estou mais ansiosa do que nervosa. -falei com um sorriso-

- Eu entendo. Sabe... Eu queria ter mais tempo pra falar com você.

- Você me parece um pouco triste por dentro e uma pessoa vazia. -falei sem perceber e logo acrescentei- Não... Se ofenda. -tentei corrigir meu erro-

- Não tudo bem. -senti o seu sorriso triste se espalhar em seu rosto- Você está certa, já faz algum tempo que sou assim.

- É por causa da sua filha que morreu? -perguntei- 

        Ela suspirou e então logo falei:

- Eu não quero me intrometer na sua vida.

- Não não, está tudo bem. Eu acho que... Acho que seria bom falar um pouco sobre isso, sabe? Não ficar guardando aqui dentro. Já faz tanto tempo.

- Se quiser pode desabafar comigo, sou uma boa ouvinte e jamais contaria nada pra ninguém.

- Eu sei, sinto que posso confiar em você.

- Bem então... -encorajei-a-

- No dia em que ela nasceu... E morreu, foi quando tudo começou a desmoronar em minha vida. Perdi meu marido pra outra mulher e fiquei sozinha. Agora moro com dez gatos em um enorme apartamento do centro da Cidade e ainda assim me sinto sozinha.

- Dez gatos? -arregalei os olhos-

- Estou brincando. -ela riu- Na verdade eu nem gosto muito de gatos então não tenho nenhum. Moro com minha cadelinha Cindy.

- É um nome adorável. -falei- 

- Ela também é, um dia prometo que te mostro. Mas e você? Qual sua história?

- Eu... Tenho 17 anos, moro com minha mãe de criação desde sempre, meu sonho é algum dia ver o céu, tenho um namorado perfeito. -senti minhas bochechas corarem ao falar desse jeito de Harry- E bem, não tem muito o que falar. Levo uma vida monótona.

- Acho que temos muita coisa em comum.

- Acho que sim. -sorri-

- O que acha de passar uma tarde comigo na minha casa qualquer dia desses?

- Sério? -perguntei animada-

- Sim, eu adoraria recebê-la.

- E eu não vou te atrapalhar? Quer dizer, não vou dar trabalho?

- De maneira nenhuma, seria um prazer ter algo pra fazer além de ver revistas de modelo e ficar com inveja daqueles corpos perfeitos.

       Eu ri, ri muito. Não do que ela falou mas da maneira que ela falou. O tom de voz em sentido de reprovação, mas não tão reprovação à ponto de ela não querer ter. Não sei entenderam o que eu quis dizer mas foi exatamente isso.

- Então eu vou! -decidi- Bem, isso se Nana deixar.

- Nana?

- Minha mãe. A de criação. -respondi-

- Ah sim, está certo. Bom, seu namorado vem aí.

- O Harry? -o que ele fazia aqui? E como ela conhece ele?-

- Harry? Não não, o Jason. 

- Jason e eu não somos namorados. -falei como se fosse o óbvio-

- Não são? Desculpe mas a maneira como ele te olha... Parece tão apaixonado.

- Hã... Deve ser impressão sua. Quer dizer, talvez esteja mas não por mim. -falei um tanto atordoada-

- Tudo bem então.

         Definitivamente ela não está muito bem. Jason jamais gostaria de mim, ele sabe que sou comprometida. E além do mais, eu já acho uma loucura o Harry gostar de mim e quem dirá dois! Isso seria o mundo virando de cabeça pra baixo. 

- Pronta pra ir (seu Nome)? -Jason perguntou-

- Ah claro.

              Eu me despedi da Dra. Julianne e Jason me levou de volta pra casa. Eu estava com um mal pressentimento desde a hora em que coloquei minha cabeça sobre o travesseiro pra tirar uma soneca a tarde. Alguma coisa me dizia que minha felicidade não duraria por muito tempo mas tentei afastar esse pensamento da minha cabeça, afinal, agora que as coisas começaram a dar certo em minha vida elas não poderiam simplesmente desmoronar assim. Seria muito injusto comigo!

             A noite caiu e a cada minuto que se passava meu coração batia mais forte em meu peito, tão forte que eu poderia jurar que doía. Nana estava de saída e as pontas dos meus dedos ficavam cada vez mais geladas, talvez eu estivesse ficando doente ou algo do tipo, não sei. A única coisa que sei é que algo está prestes a acontecer, e não é nada bom!

Harry P.O.Vs

         Então é isso, é agora ou nunca! Vi o carro de Nana se distanciar da pequenina casinha e respirei profundamente, eu tinha que contar a verdade a (Seu Nome) antes que fosse tarde demais. Tive um pesadelo horrível essa tarde, um em que minha pequena era sequestrada por marmanjos que estavam atrás da bruxa malvada que era a Nana e queriam suas drogas de volta, por isso raptaram a bela mocinha que no caso é (seu Nome) e a levaram para um lugar terrível cheio de torres e masmorros. Pesadelo meio que conto infantil mas ainda assim me encorajou a dizer toda a verdade.

         Caminhei com as mãos no bolso e o coração na mão, respirava pela boca e a cabeça pensava milhares de coisas aleatórias. Adentrei o quarto de (seu Nome) e ela me parecia aflita, não corri o risco de perguntar se havia acontecido algo, eu precisava ser rápido e preciso no que iria falar pra não voltar atrás e depois de tudo decidir o que faríamos. Talvez entregássemos Nana à polícia e (seu Nome) poderia morar comigo. Eu não sei direito, só tenho certeza de que vamos tirar essa história a limpo de uma vez por todas.

- Harry que bom que chegou. -ela falou sorrindo, mas havia algo diferente. Tentei ignorar-

- Eu preciso te dizer uma coisa. -falei-

- Não por favor. -vi pavor em seus olhos- 

- Porquê?

- Estou com um mal pressentimento. É algo ruim?

- Sim. -suspirei-

- Não me conta então Harry por favor. Não pode esperar?

- Desculpa (seu Nome), você precisa saber agora. -eu não ia voltar atrás dessa vez-

- Eu não quero ficar triste.

- Vai dar tudo certo eu prometo. Mas você precisa saber.

- T-Ta bom. -ela sentou na cama e esperou que eu abrisse a boca. É agora então...

Julianne P.O.Vs

        Estaciono o carro em frente à mansão de Bruce (meu ex marido) e desço à passos largos. Toco a campainha e falo pelo interfone. Sua reação de espanto eu já esperava, fazem anos que não o procuro. O portão se abre automaticamente e eu entro, ainda com meu jaleco branco, mas não estou nem aí. Chego à porta principal e ele está com uma camisa branca e usa jeans, me olha com tamanha curiosidade que até desconheço. Me aproximo e ele diz:

 - Aconteceu algo?

 -Aconteceu. -eu falo- Preciso que me diga o que aconteceu exatamente na noite em que nossa filha nasceu.

- Porque isso agora? -ele parecia espantado-

- Eu... Eu tive um pressentimento Bruce, coisa de mãe. Eu sinto que ela está viva, algo me fez sentir isso mas não sei o que é.

- Jullianne... -ele coçou o topo da cabeça- Você sabe o que aconteceu. Porque precisa trazer de volta esse momento tão doloroso das nossas vidas?

- Porque eu sinto que ela está viva, sinto dentro de mim.

- Isso é loucura! -ele falou com enfase-

- Não não é loucura! E se for dane-se, eu não estou nem aí! Só preciso que me diga o que aconteceu, exatamente! -ordenei- E isso não foi um pedido. -acrescentei-

- Ta, tudo bem. Vamos... Entrar então.

- Com prazer.

#Spoiler do capítulo 22

Harry P.O.Vs

        Senti o pânico tomar conta de mim no mesmo instante em que ouvi suas palavras. Fiquei paralisado tentando digerir o que havia ouvido.

- O-O que você está dizendo?

- Quero que fique longe de mim Harry. Não me procure mais.

- Não pode estar falando sério! -me desesperei- Estou falando a verdade (Seu Nome), tem que confiar em mim. -ela chorava e eu também- Nana não é quem você pensa que é!

- NÃO! -ela gritou- PARA DE ME FALAR ESSAS COISAS PARA! -ela levou as mãos aos ouvidos como se doesse ouvir aquilo-

Peço desculpas a vocês pela demora, eu estava mesmo corrida, mas agora minhas provas desse bimestre acabaram e a feira do conhecimento já passou então vou poder voltar a postar normalmente. Quarta tem mais gatas, amo vocês e espero que não tenham me abandonado. Beijoss -Deh♥