Gardênia - Cap - 30

O começo (do fim)

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- Pai? O que está fazendo aqui? -ele perguntou e senti minha cabeça doer na hora. Como é que é?-

- O que você está fazendo aqui? -perguntou dando enfase no "você"-

     O rosto de Marvin ficou vermelho na hora, e eu imagino que tenha sido de raiva. Eu havia me esquecido que hoje é sexta e Jason viria pra me levar na casa da Dra. Jullianne. Acho que nosso plano acaba de ir pelos ares... Eu só quero entender o que está acontecendo aqui.

Agora

(Seu Nome) P.O.Vs

        Me adiantei em responder a pergunta:

- Ele veio me buscar. -me dirigi à Marvin- Porque o tratamento já está quase no fim, não vale a pena interromper agora mas... Como assim pai?

- O Marvin é meu pai. -Jason respondeu- Mas eu não sabia que vocês se conheciam.

- E eu não sabia que o Marvin tinha um filho. -falei tentando fazer com que me explicassem a situação-

- Ele quase nem é meu filho. - Marvin falou normalmente- Engravidei uma garota na faculdade quando eu ainda andava. Foi coisa de uma noite. -deu de ombros-

      Então quer dizer que ele não era paraplégico desde que nasceu? Eu tentava não deixar transparecer que estava enxergando. Olhei para Jason e vi seu rosto angustiado de dor com aquelas palavras tão dolorosas. Senti meus olhos marejarem e tentei esconder o rosto abaixando a cabeça.

- Que coisa... Horrível de se dizer Marvin. -falei ainda de cabeça baixa-

- Que isso! -ele falou sem se importar- Jason nem liga pra essas coisas, recebe uma pensão altíssima todo mês. Não temos laços sentimentais, pelo menos não da minha parte.

       Eu queria pular em cima dele e esmurrar sua cara. Meio que arregalo meus olhos com este pensamento, nunca fui uma pessoa agressiva mas acho que estou em choque no momento, como ele pode ser tão frio assim? E pior, uma pessoa que admirei a minha vida inteira por parecer bondosa e amigável acaba de me surpreender duas vezes seguidas me mostrando que é um completo babaca. Estou tão decepcionada que mal posso falar.

- Jason pode me ajudar até o carro? -perguntei e fico surpresa de minha voz sair tão firme-

- Como é? -Marvin perguntou- Vai sair e me deixar aqui falando sozinho?

- Não posso interromper o tratamento Marvin. -digo simplesmente- Jason?

          Jason correu até mim um tanto atordoado e entrelaçou seu braço no meu, guiando-me até o carro mesmo sabendo que eu não precisava, afinal, tínhamos um trato de que ninguém saberia além de mim, Harry e ele que eu podia ver. Assim que adentramos o carro e Jason deu partida, pude soltar todo o ar que estava prendendo.

- Jason eu... 

            Tentei procurar as palavras certas para confortá-lo mas eu não conseguia encontrar.

- Está tudo bem. -ele falou sorrindo tristemente pra mim-

- Não, não está não! -falo indignada- As coisas não estão nada bem! Não posso acreditar em todas aquelas coisas horríveis que Marvin disse.

- (Seu Nome) não se preocupe, eu já estou acostumado, meu pa... Marvin sempre diz essas coisas. -suspirou-

- Mas ele não pode sair falando essas coisas pras pessoas. Muito menos pra você que é filho dele!

- Como você bem ouviu, ele não me considera seu filho. Tudo bem eu admito que isso me machuca um pouco, quando eu era pequeno sempre ficava imaginando como seria jogar futebol com o meu pai, mas eu cresci, isso passa.

          Senti um nó na minha garganta se formar. Porque eu tenho que ser tão sensível pelos outros?

- Eu consigo imaginar a sua dor. -falo- Crescer sem um pai, deve ser horrível, sonhar em brincar com ele e não poder...
- Eu sei que você sabe. -falou- Ao contrário de mim você também não teve uma mãe pra te ensinar coisas de garotas, a minha sempre esteve comigo mesmo nas dificuldades.

         Suspirei tristemente ao perceber que Jason estava certo, eu nunca tive uma mãe de verdade e muito menos um pai, me lembro de sentir vontade de ter os meus mas não durou muito, eu não tinha convivência com muitas pessoas então não costumava pensar muito nisso, sempre me senti bem sendo solitária. Até Harry aparecer claro.


         Jason estacionou o carro em frente de um negócio alto, muito muito alto.

- Esse é prédio que a Dra. Jullianne mora. -falou-
- Isso é um prédio? -perguntei-
- Isso aí. -respondeu sorrindo-

         Eu ia abrir a porta do carro pra sair mas Jason me impediu, dizendo que ele abriria.

- Cadê o papelzinho que ela deu pra você? -perguntei pra Jason-
- Oh é mesmo! Está aqui. -falou tirando do bolso de seu jeans e lendo- Nono andar, apartamento número 059.
- Sabe chegar lá? -perguntei-
- Não tem mistério, é só pegar o elevador.

          E assim fizemos depois de passar pela portaria e eu falar meu nome. Jason me deixou e foi embora assim que a Dra. Jullianne abriu a porta, combinando de ir me buscar daqui duas horas. Eu realmente estava animada com essa tarde ao lado da Dra.

- Estava tão ansiosa pela sua chegada! -ela falou me mostrando seu apartamento, era muito grande pra uma pessoa só-
- Mora aqui sozinha? -perguntei-
- Eu e a minha cadelinha Cindy, porque?
- É tão grande. -falei encantada com tanta coisa luxuosa-
- Eu gosto de espaço, mas me sinto sozinha ás vezes. Seria bom ter filhos...
- Eu quero ter dois filhos! -falei sorrindo-

          Jullianne sorria pra mim de orelha a orelha, não sei exatamente porque mas fiquei feliz.

- Quer comer alguma coisa? -me perguntou educada- Eu fiz bolo de chocolate.
- Bolo de chocolate? -perguntei animada-
- Já vi que você gosta. -falou sorrindo-
- Eu amo. -respondi sorrindo de volta-
- Vem comigo até a cozinha então.

         Eu a acompanhei até a cozinha onde ele me serviu o bolo e nos sentamos juntas à mesa para comer. Havia uma grande porta de vidro na cozinha que dava lá pra fora, eu só conseguia ver o céu e uma varandinha toda azulejada de branco.

- Então você quer dois filhos? -perguntou-
- Sim, eles vão se chamar Sara e Andrew. No começa era só sonho, mas agora que posso enxergar com certeza vou realizá-lo.

           Foi então que me lembrei que ainda usava os óculos escuros. Tirei-os e coloquei sobre a mesa apreciando o bolo de Jullianne, era o melhor que já havia comido, o de Nana não chega nem perto.

Jullianne P.O.Vs

 

           Esse era o momento para colocar meu plano em ação, se não fizer agora não farei jamais, e eu preciso tirar essa dúvida.

- Ah querida! -falei fingindo estar impressionada- Você tem um cabelo branco! Tão novinha!

- Eu tenho? -ela perguntou-

- Sim, um bem aqui na frente, deixa que eu tiro pra você. -falei me aproximando e arrancando um fio- Prontinho. -sorri- Vou pegar mais um pedaço de bolo. 

            Aproveitei um guardanapo em cima do armário e enrolei o fio de cabelo guardando-o dentro da gaveta de talheres, mais tarde eu pegaria e iria direto pro hospital. Porque deixar pra amanhã aquilo que se pode fazer hoje? Volto a me sentar sorrindo e só então percebo que ela tirou os óculos escuros. Seus olhos são tão lindos... Tão iguais aos meus... Mal percebo que a estou analisando quando vejo as covinhas iguais as do pai quando ela sorri pra mim.

- Porque está sorrindo? -perguntou-

- Você... Se parece com alguém que eu conheço. -falei sorrindo-

- Mesmo? Quem? 

- Meu ex-marido. -falei e ela pareceu atordoada-

- Que... Estranho. -falou e sorriu-

- Não é tanto assim. -eu queria dar esperanças mas me detive-

Naquela noite...

Harry P.O.Vs

 

            Cheguei na casa de (Seu Nome) a noite e estava com um pressentimento estranho, não sabia dizer se era bom ou ruim mas algo estava para acontecer, algo que mudaria muitas coisas. Encontrei (Seu Nome) me esperando na varanda vestida com um vestido azul e um casaquinho cinza por cima, o tempo estava meio frio. Ela sorriu pra mim, estava sem óculos escuros e seus olhos verdes brilhavam como duas esmeraldas. A beijei docemente e segurei sua mão, olhando em seus olhos.

- O que vamos fazer hoje? -perguntou feliz-

- Você parece animada pra fazer algo. -sorri-

- E estou! As coisas estão ótimas na minha vida.

- Bom, então vamos comer alguma coisa, pizza o que acha?

- Acho perfeito!

               Entramos no carro e eu dei partida, (seu Nome) começou a falar sem parar.

- Você não vai acreditar no que aconteceu hoje Harry!

- Agora que despertou minha curiosidade, conta. -falei-

- O Marvin...

- O que tem ele?

- Ele é pai do Jason!

- Ele é o quê? -engasguei com a própria saliva-

- É isso aí mesmo, eu também fiquei chocada na hora. E ele foi tão grosso e rude com o Jason. Não sabia que Marvin era assim.

- Parece que a máscara de alguns já estão caindo... -só falta a de Nana, eu quis acrescentar-

- Fiquei tão decepcionada...

          E como se Deus me ouvisse, (Seu Nome) se manifestou.

- Harry para o carro! -gritou-

- O que foi? -perguntei freando na hora-

         Ela engoliu em seco fitando algo pela janela. Segui seu olhar e meu coração se acelerou.

- É Nana. -falou com a voz falha-

- Sabe, ta meio escuro talvez...

- Não Harry! É ela sim! -falou teimosa e eu sabia que era- 

        Suspirei e então Nana entrou dentro do galpão. (Seu Nome) abriu a porta do carro e saiu andando. O que ela está fazendo? Saí correndo deixando a porta aberta mesmo e a segurei pelo pulso.

- O que você vai fazer? -perguntei atordoado-

- Vou ver o que ela está fazendo. -tentou soltar-se de mim mas não deixei-

- Eu acho melhor não. -falei-

- Porquê não? -perguntou- 

- Porque é perigoso se arriscar assim no meio da noite.

- Eu não ligo Harry. Se Nana mentiu pra mim esse tempo inteiro eu tenho o direito de saber a verdade.

       E ela estava certa.

- Então vamos juntos. -falei segurando sua mão e começando a andar-

       E foi então que toda a verdade veio à tona. Eu e (Seu Nome) espiávamos pelo vão do galpão e dessa vez pude ver o rosto do homem que conversava com ela. Era Marvin! Essa porra toda está começando a ficar muito confusa. (Seu Nome) parecia tão chocada quanto eu, na verdade mais. Seus olhos estavam vidrados na cena. Me senti mal. Ela se virou e me puxou andando.

- Vamos embora Harry, a gente espera ela lá em casa.

- Você vai fazer o quê?

- Tirar toda essa história a limpo, não posso viver com isso agora que sei a verdade.

        Apenas assenti e entramos no carro que ficou parado no meio da rua, ainda bem que não havia muito movimento -e que não foi roubado já que até a chave eu deixei dentro-. (Seu Nome) encostou a cabeça no vidro e começou a chorar baixinho. Quase chorei junto.

- Como eu pude ser tão burra? Você ainda tentou me avisar mas eu não dei ouvidos. Me desculpa Harry. -falou-

- Não tem que se desculpar, está tudo bem.

- Só que... O que vai ser de mim agora? Eu não tenho pra onde ir se as coisas saírem do controle, não sei o que fazer da minha vida. Estou perdida Harry!

- Não! Nem por um segundo pense que está sem saída... Ou perdida, eu jamais deixaria você assim. Pode contar comigo pra tudo você sabe.

- Eu sei que posso mas... Meu Deus as coisas estavam indo tão bem... Sinto como se tivesse vivido uma mentira durante toda a minha vida.

         O que não deixava de ser verdade nem por um segundo. O que aconteceria agora? Eu sei que (Seu Nome) ficaria bem porque eu me encarregaria de cuidar disso, mas... Tudo isso é muito confuso. Não sei o que pensar também, (Seu Nome) está certa quando diz que é preciso esclarecer tudo com Nana hoje. Mas com certeza depois dessa noite as coisas nunca mais serão as mesmas...

Provavelmente amanhã eu posto mais (quinta). Eu amo muito você Gardeners. Dez capítulos agora hein, contagem regressiva kk Comentem bastante que eu faço um capítulo bem grandão e cheio de gifs, prometo. Beijo -Deh♥